Olho para trás, penso nas dificuldades, dores e marcas da transição na minha vida. O tempo, quase infinito enquanto durou, até ter algo de tão básico quanto um nome; as fobias e preconceitos dos outros - até daqueles que também disso provam uma (outra) fatia; a ansiedade, o virar a esquina sem ter a certeza que o passeio continua para além dela; a energia esgotada a cada dia, e reinventada no seguinte; o planeamento meticuloso de coisas que seriam absurdamente simples de outra forma. E, no fim, pergunto-me, valeu a pena?
Olho então ainda mais para atrás, ainda antes de iniciar a transição. Vejo-me sem amigos, sem ocupações ou distracções, sem companheira nem afecto, sem iniciativa, volição ou esperança. Sem perspectiva de um futuro, a não ser um quase tão escuro e frio como talvez a morte seja. Juntamente com todos os frutos amargos que caíram aos meus pés, colhi também tudo aquilo de bom e suave que tenho hoje: um lugar, amizade, amor, e, sobretudo, o sentimento que a estrada continua para a minha frente, para além do horizonte, e talvez um pouco mais longe ainda.
Olho então ainda mais para atrás, ainda antes de iniciar a transição. Vejo-me sem amigos, sem ocupações ou distracções, sem companheira nem afecto, sem iniciativa, volição ou esperança. Sem perspectiva de um futuro, a não ser um quase tão escuro e frio como talvez a morte seja. Juntamente com todos os frutos amargos que caíram aos meus pés, colhi também tudo aquilo de bom e suave que tenho hoje: um lugar, amizade, amor, e, sobretudo, o sentimento que a estrada continua para a minha frente, para além do horizonte, e talvez um pouco mais longe ainda.
De qualquer perspectiva que olhe para a questão - emocional, lógica, económica, identitária - a resposta é um óbvio, orgulhoso e irredentível sim :)