11/02/2013

dúvida perene

Uma comunicação sub secretum (i.e. escondida) da sede da ICAR em 2000, enviada aos núncios católicos pelo mundo fora, torce o nariz à transição, por ser um procedimento 'superficial' - e que, por isso, as pessoas transsexuais não são do seu sexo e género real, mas antes o que lhes foi atribuído ao nascimento. Na verdade, podia-se argumentar que quem aceita que um wafer benzido se torna literalmente (não simbolicamente) no corpo de um homem morto (1) há quase dois mil anos não tem autoridade moral para fazer grandes usos de cepticismo quanto a formas e identidades.

Na mesma comunicação, ordena-se às igrejas que nunca corrijam o nome constante do registo baptismal - um comportamento arrogante e ilícito, numa tentativa de se sobrepôr às autoridades com competência para decidir sobre a matéria - o Registo Civil. Também é determinado que não se deve dar acesso ao matrimónio religioso às pessoas transsexuais com um cônjugue do outro sexo (novamente caíndo na ilicitude).

Teria, contudo, uma alguma curiosidade em ver a reacção se um dia eu e a minha namorada nos apresentassemos na paróquia local para casar. Somos ambas ateias, mas a proposição é tentadora.


(1) - o que terá a ASAE a dizer sobre isto?