17/06/2012

na tanga

(foto daqui)
Sou uma leitora ocasional de alguns blogs, entre eles o Tangas Lésbicas. Nao preciso de dizer que só acompanho algo quando acho que vale o meu tempo, e geralmente aprecio os textos das pikenas que por lá escrevem (que espero nao levarem a mal o tratamento). Infelizmente já nao presto a mesma atençao que antigamente ao mundo blogueiro (fases, disposiçoes, nada de intencional), e só reparei neste post quando uma amiga me chamou atençao para ele, embora tenha mais de um anito.

A Marita fala-nos da Filipa Gonçalves (notavelmente, a pikena tem nome; e provavelmente uma carrada de outras características pessoais para além da filiaçao e identidade de género). A observaçao da Marita no seu penúltimo parágrafo levou-me a outra reflexao, que aqui vos deixo.

Tenho algumas pikenas com quem costumo tomar um copo nas Galerias de Paris aos sábados à noite (ver passar pikenas), conversar (sobre outras pikenas, sobretudo), desabafar (novamente sobre outras pikenas) ir a discotecas (geralmente à procura de pikenas), inter alia. Chamo-lhes amigas.

Temos em comum várias coisas, para além de, digamos assim, gostarmos muito da companhia de pikenas. Cabelinho curto, jeans, t-shirts sem decote, um sentido para a maquilhagem que nao contempla muito mais que o recurso ao Nivea azul, alguma quantidade de iniciativa e sentido prático acima da que geralmente se encontra entre as pikenas que nao gostam de outras pikenas tanto como nós (ahem, *haughty pose*)

Existe alguma variaçao individual, é certo. Mas nada que nos impeça de ouvir frequentemente comentários como olha, aquelas trabalham todas na Luís Simoes.

Do lado dos meus amigos que, ponhamos assim as coisas, gostam mais de passar tempo com outros pikenos, também há uma uniformidade desconcertante. Mais sensibilidade, cuidado com o corpo (trabalhado a rigor no Holmes Place mais próximo), uma linguagem corporal sugestiva de falta de rigidez nas articulaçoes, e - de longe - muito mais fashion-sense. Tanto que já nao dispenso a companhia de um deles quando preciso de renovar o guarda-roupa; é o anjo-da-guarda que mantém longe de mim as camisas de xadrez XL e boxers aos quadrados.

E disto tudo saiu-me um pensamento inquietante. Será que num mundo menos normativo, quem se sente atraíd@ por mulheres/homens, independente do seu próprio sexo, insistiria, tanto como fazemos agora, em conformar-se com um padraozinho entaipado de masculinidade/feminilidade?

Trocando por miúdas miúdos, será que preciso mesmo de saber mudar um pneu para poder ser lésbica?